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sábado, 25 de junho de 2011

Rompendo preconceitos

Recordo-me perfeitamente quando ouvi, pela primeira vez, em minha adolescência, uma "batida" de uma música, que fazia, involuntariamente, o corpo balançar. O coração acelerava e a identificação com aquele som foi imediata. Meu primeiro contato com a black music. Freestyle, funk, rap, hip hop, R&B (o famoso Charme, graças a tirada do Dj Corello, que chamou a galera para dançar bem devargazinho, com muito charminho, criando um novo estilo: o Charme) ou outras derivações da Black Music me encantam. A verdade é que a Black Music não tem meio termo. Ou gosta ou não. Mas quando se gosta, a relação é estreita demais.

Como a origem da Black Music remonta as batidas de músicas do continente africano, da Mãe África, com os tambores de tribos indígenas, há também o preconceito. Foram os negros que "inventaram" a batida marcante. Vítima histórica, graças aos preconceito, o negro também viu essa preconceito ser transferido para a música. Associada por décadas - e ainda o é -, a marginais e bandidos, esse estilo de música vem ganhando espaço e reconhecimento. Ainda nos Estados Unidos, durante a escravidão, as músicas africanas eram associada ao demônio por um motivo simples: ao ouvir as batidas as pessoas começavam a dançar involuntariamente. Para muitos a explicação é ainda mais simples:como as batidas lembram as batidas do coração a reação é natural e expontânea.

O grande problema nos dias atuais é que parte da mídia, às vezes, associa o funk, rap e hip hop nacional a músicas de letras pouco construtivas e de conotação meramente sexual e apelativas. E a bailes recheados de violência. Isso dá ibope. Mas essa é apenas uma parte. Existe o rap nacional que consiste em verdadeiros apelos sociais, que demonstram a realidade das favelas, as manifestações contra a corrupção e criminalidade e que orientam jovens a fugirem da vida do crime e das drogas. Outra crítica é que boa parte das músicas abordam a violência. Mas, muitas vezes,a abordagem é para mostrar que o crime não compensa, por ter apenas dois caminhos conhecidos: a prisão ou o cemitério. Mas é óbvio que o motivo maior de composição de músicas em todo o mundo continua sendo o amor! Amor correspondido ou não.

Mas essa situação de preconceito não é exclusiva do Brasil. Nos Estados Unidos, na década de 30, a expressão funky era usada para denominar o odor da relação sexual e pejorativamente foi usada referindo-se aos negros.Isso porque os negros se reuniam em lugares fechados e abafados. A dança, o lugar fechado e a energia provocavam o suor no corpo e, como uma forma de desmerecer o movimento, a expressão pejorativa.

Mas em um baile, alguém disse: coloca um funky nesta música, pedindo para colocar uma batida negra para agitar a galera. E foi isso que aconteceu. Mas a Igreja também ajudou a quebrar preconceitos. Foi na década de 60 (quando houve o movimento em busca dos direitos civis dos negros nos EUA e o Brasil vivia o regime militar) que os cantores negros encantavam com suas vozes graves os coros das igrejas. A música Soul (que significa Alma) saiu das igrejas e ganhou as ruas, reforçando o movimento da música negra. Essa energia da música negra, então, foi mais forte que o preconceito e começa então uma divulgação maior.

Das Igrejas, dos guetos, do Norte dos EUA surgiram vozes em busca de liberdade e de embalos. Os colonizadores do Norte dos Estados Unidos permitiram que os negros mantivessem as suas culturas e origens, enquanto os dos sul abafaram essas manifestações. Do blues, do jazz (sempre lamentando a vida sofrida dos negros), do soul (das igrejas), do funk, do rap e do hip hop (vindo dos guetos) nasciam uma nova expressão que irradiou para o mundo: a Black Music. E nos guetos, violentos, um desafio foi lançado: substituir a criminalidade, a violência por outra disputa. A disputa através da música. E, assim, ajudou a reduzir a criminalidade e mostrar a sua força.

Que a black music ecoe no grande baile, chamado vida.

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